historia dos licores
HISTÓRIA DOS LICORES
Porção do amor para conquistar o amado, afrodisíaco, bálsamo, elixir da longa vida, beberagem misteriosa dos alquimistas. Os licores têm sua história envolta em lendas de amor, de bruxas e de magos.
Uma versão sobre a origem dos licores, corrente em algumas localidades no interior da Itália, é a que atribui sua criação a bruxas que, sob a aparência de lindas donzelas, preparavam com frutas e ervas uma poção que tinha misterioso poder de unir para sempre um casal de amantes.
Deixando de lado o terreno da fértil fantasia, das mais incríveis lendas de amor e mistério, a versão mais provável da origem do licor, é que ele se originou das poções caseiras e de xaropes de ervas e frutas para curar tosses, problemas de estômago e outras muitas doenças. Esses medicamentos caseiros, em vez de preparados por frágeis donzelas apaixonadas ou por misteriosas moças bruxas, eram elaborados por velhas senhoras do povo, de acordo com antigas receitas familiares passadas de geração a geração. Essas poções resultavam em uma bebida adocicada, colorida e muito saborosa que pouco tem a ver com o licor que hoje conhecemos, e se não curava o doente, pelo menos o reconfortava e o deixava feliz por uns momentos.
O gosto por bebidas alcoólicas adocicadas e aromáticas não foi privilégio apenas de povos ocidentais. Há registros históricos de que chineses há 800 anos a.C. tinham o hábito de tomar uma bebida parecida com o licor, preparado a partir do arroz. Em certas regiões da Índia, também se produzia desde a Antigüidade uma bebida aromática preparada a partir da fermentação da cana-de-açúcar com arroz. Os árabes além de prepararem uma bebida semelhante ao licor, buscavam técnicas e métodos mais eficientes para se conseguir uma destilação mais perfeita para melhorar a qualidade de suas bebidas. Na Grã-Bretanha, o hábito de tomar licor já estava enraizado no povo muito antes dos romanos a conquistarem. Também nesta época, França, Itália, Espanha e outros países do Oeste europeu já produziam um tipo de bebida semelhante ao licor. Esses “licores” eram, na verdade, uma mistura de vinhos com ervas, à qual se adicionava mel ou melado.
Por volta do século X, os árabes descobriram aquilo que vinham tentando há tempos, desenvolveram o processo de obtenção do álcool através da destilação de um fermentado, e o álcool passou a ser utilizado pelos árabes e europeus em seus medicamentos preparados com ervas medicinais. Assim, estava aberto o caminho para os alquimistas prepararem os mais incríveis e deliciosos licores.
O licor, tal como conhecemos hoje, só foi possível depois que o alquimista catalão Arnaud Villeneuve, em 1250, conseguiu extrair os princípios aromáticos de ervas, deixando-as em maceração em álcool puro. Essa técnica de se obter a essência das plantas, conservando todas suas propriedades, foi de extrema importância no aperfeiçoamento dos licores e de muitos medicamentos naturais. Com a contribuição de Arnaud, os licores começaram a ser elaborados com técnicas mais aperfeiçoadas, que garantiam um produto fino e de alta qualidade.
A época conhecida como marco inicial da produção de licores, é o século XV, mas como vimos, existem indícios, que levam a crer que os licores já vinham sendo produzidos há muito tempo. Diz-se que o licor era produto obtido pelos alquimistas italianos com seus complicados instrumentos, que depois foi introduzido na França pela corte de Catarina de Médicis, que, ao transferir-se da Itália para lá, levou consigo o segredo da fabricação. Na França, mais precisamente nos mosteiros, os monges procuraram simplificar a técnica de sua fabricação sem, no entanto, adulterar as propriedades fundamentais da bebida, lhe atribuindo propriedades rejuvenescedoras e medicinais. Aos monges, devemos à criação de maravilhosos licores, cujas fórmulas eram segredos encerrados entre as paredes dos mosteiros. Por mais de 300 anos, depois das descobertas de Arnaud, os monges “monopolizaram” a fabricação de licores. Como os papéis dos monges nesta época, além do sacerdócio, preparavam medicamentos, cultivavam uma grande quantidade de ervas e delas obtendo vários tipos de licores.
Os licores, já com as características de uma bebida “cortês”, requintada, passaram a significar demonstração de gentileza dos anfitriões, que o serviam sempre após as refeições a seus convidados, como um reconfortante digestivo.
Estas são algumas histórias e lendas entre tantas outras.
O licor é basicamente uma bebida alcoólica doce, em geral com sabor de frutas ou ervas. Há quem acredite que o licor deva ser bebido sempre após as refeições, dadas às propriedades digestivas que apresenta. Isso não deixa de ser verdadeiro, mas não há motivo para não saboreá-lo em outras oportunidades, desde que se tome cuidado de ingeri-lo em pequenas doses.
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